sexta-feira, 1 de julho de 2011

DESGOSTO.


Há um desgosto no gosto amargo da minha língua
Nenhum sabor me anima
Nada mais sustenta tanto
Nada que venha à boca alimenta

E vivo nessa cadeira atado aos ossos dos meus pensamentos
Olhares fixos e impávidos longe de mim mesmo
Vou desaparecendo no meio da fumaça
Lunático, compadeço-me da dor que ri

Ai de mim que amo!



GIUSEPPE D´ETTORRES.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

EU BUSCO



Eu busco, digamos assim, uma nova canção
Capaz de entoar meus pressentimentos
Todos eles, a respeito daquilo que anseio, pela vida inteira
Recomendo o mesmo a você.

Uma sementeira de flores.
Um balde cheio de águas dos mares.
Outro com areia branca fina repleta de conchas.
E o arco constelado cuja ponta, a lua branca brinca despidamente dependurada

Por isso, amigo, arrisque um jeito diferente de cantar ao mundo que: a gente vence!
E assim pessoas não precisam sempre das casas-matas. Será o fim dos inseticidas.
Pois a vida, de longe, passará na corrida de cada desejo e realização
É desse modo fugidio à compreensão do esteta, do apedeuta, do poeta.
Que ela se justifica na medida em que se materializa imensa no sorriso e no pranto
Abrindo seu enorme toldo sobre a existência.
.
Busque, portanto, a vida que há por trás dos anúncios
Copiada dos almanaques arcaicos
Dos comerciais confusos
Feita na fumaça dos letreiros que se acendem e apagam milhões de vezes
De neon falido e defeituoso.

É desse jeito que repito - viva indo além

E então nem o éter ou o sexo dos girassóis farão tanto sentido quando sentir-se vivo.

Para ver o baião de dois, o barbeiro caricato, o perfume do frasco espalhando aromas sobre a vida refletida no espelho, vivamente no lance da visão.



GIUSEPPE D´ETTORRES.
Cachoeiro(ES), 22 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

FRUTAS.




Caudaloso seixo de cabelos declinantes
Cobrindo do dorso às costas, em ondas sinuosas
Na face linhas amareladas de sol
Alisa-me no rosto feito a brisa deslizante
De um beijo espoliado aos poucos
Feito do desejo inesgotável

A cada um a sua cota de espumas

Uvulário refinado dos lábios que se consomem

Selados no gesto amoroso de caldos e saliva.

Amam-se

Amores de frutas.


GIUSEPPE D´ETTORRES.
Cachoeiro(ES), 10 dezembro de 2010.

A ILHA

A ILHA.






E quando não agradar?
Fechem-se brevemente olhos e boca
Nada direi que não seja bendito
Para expulsar o aflito sentimento sobre a ilha
Que vaga sonâmbula
Arrasta cabisbaixo um rastro de lágrimas atrás de si.

Nada direi. Nenhum grito
Afagos sobre as montanhas e os verdes laços tais como cabelos ao vento
Uma vontade de paz e acalmam-se as ondas
A ilha se deita e descansa.



GIUSEPPE D´ETTORRES.
Cachoeiro(ES), 14 de dezembro de 2010.

sábado, 2 de outubro de 2010

ESCREVO.


Escrevo para dizer-te o que nunca diria

Escrevo, e a voz, num som inaudito fala tudo, e então me calo e já não me escuto.

Escrevo e grito: amo-te. Amo-te em português e rimas
Amo-te em gris e nuvens
E cada grão escorregadio dentre tantos desafiadores grãos de silencio repetido.

Escrevo para não morrer disso ou daquilo que não digo e me deixa em branco, tonto e cinza.

Nem de medo cairei por não o dize-lo, ou de fome, me tombará o tempo.

Então, escrevo.



GIUSEPPE D´ETTORRES.
Cachoeiro(ES), 01 de outubro de 2010.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

वेल्होस OLHOS

VELHOS OLHOS



Retorno meus olhos aos velhos pontos donde vinham as luzes que reviravam meus ultrapassados olhos tontos.

Dança antiga. Antigas modas, ruas e lugares. Coisas idas e sem volta.

Outrora avistada pelos mesmos olhos tão cansados de coisas novas.

Nova criação remendada na canção reconhecida
Verso reprimido no poema decrépito
Prédio plagiado de palavras perturbadas

De ninguém e de nenhuma palavra sã, nem santa, nem água, molhando a garganta seca que não fala.

Que sois?

Quem é?

E vives à espreita das mesmas coisas
A embalar a rede repleta de peixes
Todos à milanesa, anchovas, peroás, sem requintes.
Olhos intensos de água, para luzes olvidadas.



GIUSEPPE D´ETTORRES
Cachoeiro(ES), 29 de setembro de 2010.

domingo, 8 de agosto de 2010

CAMILA

CARTA A CAMILA.





Cachoeiro (ES), 12 de junho de 2010.

Quando vejo você é que percebo como um olhar pode enganar, ó flor de novembro, flor mais bela dentre todas da primavera, do sonho de meu sangue.

Num caso da beldade gloriosa campeando sobre a ótica aparente e passageira.

De estética rara e diferente aperfeiçoada em si mesma de tal maneira a fazer-te mais bela a cada instante.

E deslumbrado pela moça encantadora, me abstraio com a beleza e tombo de joelhos a adorar-la,
E adoro-te como se adoram as princesas.

Agradecendo a realeza com o regalo segredado no poético mimo das coisas delicadas dizendo para ti que sorriem, quando tu sorris para elas:

Um Passaredo de pássaros,
O cardume de peixes de aquário,
O casario ledo e fantástico,
As contas, colares, os anjos, as harpas,
Nuvens redondas, gotas gorduchas
Chuvas bondosas rindo os jardins.

Fortuna do homem alegrado, diante da tua presença!

Enfim, assim, feliz.








Daí porque um preito a Deus pela filha vinda das minas divinas, à beira dos rios celestiais,

Da gema lavada sob nas cascatas, sob as águas frescas, não tão formosas, quanto à pedra preciosa burilada por Deus!

Aprontada na obra, que chama – Camila,

Acendendo o orgulho do joalheiro perfeito, adornada dos céus, com a tiara de estrelas.

E o futuro cintilante, de efeito radioso projetado do presente

Jóia sincera, dos rios aéreos,
Da menina subtil,
Na mulher esmeralda,
Assoprada nas brisas sextavadas
Indo além do firmamento.


Adoro-te Camila!


GIUSEPPE D´ETTORRES.